A prima ligou-me ontem a perguntar se queria ir ao teatro. Tinha convites e o namorado não queria ir porque jogou o benfica (homens!!). Já há muito tempo que não ía ao teatro, por isso, aceitei. O nome da peça é estranho ("Rosencrantz & Guildenstern Estão Mortos"), mas os actores principais bem conhecidos: Gonçalo Waddington, Nuno Lopes e Bruno Nogueira.
Não sabia bem o que esperar porque nem tinha lido a sinopse da peça, mas apesar de algumas partes serem confusas, foi uma peça interessante que ainda arrancou grandes gargalhadas à plateia.
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“Comédia de ideias que coloca numa deriva existencialista duas personagens secundárias do Hamlet
de Shakespeare. Enviados pelo tio do Príncipe da Dinamarca para conter a
ira do sobrinho e desvendar a origem da sua loucura, Rosencrantz e
Guildenstern veem-se perdidos na sua missão, incapazes de descodificar o
mundo que os rodeia, bem como a geografia do lugar que ocupam naquela
intriga. A caminho de Elsinore, que é o nome do lugar onde o teatro se
pensa a si mesmo, perguntam-se “Quem somos?”, interrogação que serve de
mote a Marco Martins – criador que o cinema revelou mas
que tem vindo a acrescentar território ao teatro português – para
desencadear uma reflexão em cena sobre os labirintos da identidade e a
vertigem da representação. No centro desta inquirição estão, ainda e
sempre, os atores, essas criaturas que, sendo tantas, são “o mesmo lado
de duas moedas” ou “os dois lados da mesma moeda”.
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Os actores não desiludiram nem um bocadinho. Gonçalo Waddington aguentou as 2h30 de peça com uma entorse (magoou-se logo na primeira cena e ali ficou, a representar com dores até ao final), sem nunca ninguém dar por isso (até pensamos que o mancar fazia parte da personagem). Nuno Lopes em personagem mesmo durante o intervalo, sem uma única falha. Bruno Nogueira, igual a ele próprio, arrancando grandes gargalhadas. O restante elenco também muito bom (incluía alunos de uma escola de artes).
Quem estiver no Porto, pode ver esta peça até ao dia 28 de Abril, no Teatro Nacional S.João.